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domingo, 27 de janeiro de 2013

CINQUENTA TONS DE VERDE, por Eduardo de Almeida




T
erra, planeta que tem ¾ de seu território preenchido por águas, sendo 97,4% oceanos de águas salgadas, mas nas regiões não inundadas tem sua cobertura revestida das mais variadas nuances de cores, mas podemos destacar cinquenta tons de verde, desde o verde brilhante das florestas tropicais pluviais formando um denso cinturão sempre verde ao redor da linha do Equador, também o verde escuro das florestas de coníferas nos surpreende, passando pelo verde de tons marrons das regiões de florestas de tundras e até a parte inundada pelas águas tem sua cor verde esmeralda, são esses tons que cativam tanto pelo sentido grandioso e encantam tanto pelo sentido do belo. É o tempo de aproximadamente quatro bilhões de anos desde o surgimento do Planeta, desses anos a linhagem de hominídeos à qual pertencemos tem mais de quinze milhões de anos, mas quero informar que há três milhões de anos que se consolidaram os traços fisionômicos e estruturais idênticos aos homens atuais, traços que nos tornam impares entre os primatas como o elegante andar bípede e ereto e nosso poder de consciência e de inteligência, características especiais de responsabilidade dessa espécie com o planeta. É importante salientar que o homem é essencialmente um ser da floresta, esse se aventurou a deixar esse ambiente cálido do manto verde como uma forma de se afirmar diante de sua mãe.
Esse novo filho da Mãe Terra, essa de nome Gaia dado por esse filho que se nomeou como Homo, nos reporta a estória grega de relação entre filho e mãe, isto é, o complexo de Édipo, onde nós seres humanos demonstramos um conjunto de desejos amorosos e simultaneamente hostis com nossa mãe Natureza.

Numa relação de amor e hostilidade esse filho que no ano de 1600 não passava de uma população de 600 milhões de irmãos sobre o seio dessa mãe, no ano de 2011 se orgulha de chegar aos sete bilhões de irmãos, mesmo sugando de forma incontrolável todo o alimento de sua mãe, ainda deseja e quer que essa ainda de à luz no ano de 2025 há oito bilhões de irmãos, e em 2050 chegando aos nove bilhões de irmãos e por fim, no ano de 2070 ao número de dez bilhões de irmãos.

Mas a saúde dessa mãe como está? Nós a desejamos ela quente, para nos saciar, e conseguimos alterar a concentração na atmosfera de um dos gases necessários para manter a temperatura do Planeta numa faixa habitável e claro existe a necessidade desse gás para o vital fenômeno da fotossíntese, em prol de suas necessidades esse filho, dessa mãe tão gentil, emitiu para a atmosfera toneladas de CO², numa tentativa de fazer as pazes, pediu a sua mãe desculpas pelas emissões fixando o ano de 1990 como marco de suas emissões em 27,8 bilhões de toneladas, firmou esse através de um protocolo conhecido como Kyoto, que determinou a redução das emissões desse gás, com duração até 2012 e sabem qual o resultado? Atualmente já ultrapassamos 35 bilhões de toneladas de CO² emitidos na atmosfera.

E além de quente queremos esse planeta úmido e novamente esse filho desapareceu com mais de 90 % das áreas úmidas conhecidas como banhados, afinal se continuarmos a presentear nossa Mãe Terra, com os mesmos presentes: A contaminação e a poluição, nos diversos estados físicos, como sólido, líquido e gasoso, seja através do lixo, dos esgotos ou pelos escapamentos dos automóveis. Em um cenário muito próximo nem a presenteada e menos quem presenteia irão existir no mesmo espaço de tempo.
Continuamos tentando pedir desculpas seja nos reunindo com a Mãe Terra em conferências ou salientando nossos erros cometidos e pedidos de desculpas em livros como Primavera silenciosa, O futuro roubado e A urgência do presente, ou em filmes como Uma verdade inconveniente e A última hora.

Precisamos do verde das florestas para purificar o ar que respiramos, do verde das algas para fornecer através do fenômeno da fotossíntese o gás oxigênio que chega a atmosfera através da evaporação dos mares, há milhões de anos o nível de oxigênio na atmosfera a partir do qual é permito vivermos, permanece inalterado, na ordem de 20% da composição da atmosfera, caso essa concentração aumentar para uma ordem hipotética de 25%, considerando a propriedade comburente desse gás, nosso manto verde junto com demais seres vivos seriam consumidos pelo fogo e caso a concentração desse gás caísse para uma ordem de 15% estaríamos todos nós inconscientes.

Vivemos em um país como nome de árvore, o quase extinto pau-brasil de uma região quase desaparecida do mapa brasileiro a Mata Atlântica, tudo isso nos reporta diretamente ao verde, afinal, maior parte da bandeira nacional é da cor verde, 40% do território nacional é de floresta amazônica. Mas o verde está perdendo seus tons, dados da Organização das Nações Unidas (ONU) revelam que 25% do território brasileiro estão sujeito à desertificação. Com a doença da Mãe Terra que se agrava a cada dia, hoje todas as formas de vidas existentes e conhecidas estão com sua sobrevivência ameaçada.
No ano de 2009 o dia 22 de abril Dia mundial da Terra, transformou-se no Dia da Mãe Terra, que ao invés de apenas uma data de atividades pontuais que se una há outras datas como o 5 de junho Dia mundial do Meio Ambiente e Dia Nacional da Ecologia , seja o marco inicial de recuperar os tons de verde da natureza.


AUTOR: Eduardo de Almeida - Ambientalista, Biólogo, Professor, Palestrante

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