O fantasma da ameaça nuclear não é exatamente o que você gostaria
para o seu filho. Pyongyang, da Coréia do Norte, é o vilão da hora, papel que
cabe por vezes ao Irã, e coube ao Iraque antes da nova cruzada antiterrorista.
Durante os anos 60, 70 e 80, no auge da Guerra Fria, os EUA e a ex-URSS ostentavam o seu poderio atômico explicitamente, num mundo
rachado ideologicamente. Hoje em dia as coisas se tornaram um pouco diferentes,
apesar de que a questão atômica, como se observa, ainda causar um grande
alvoroço na diplomacia e nos noticiários internacionais.
E o temor não é absolutamente virtual. Pyongyang advertiu que os
estrangeiros que vivem na Coréia do Sul preparem planos de retirada.
Porta-vozes da Coréia do Norte despejavam, nesta terça-feira dia 9 de abril,
palavras de ameaça como essas: “A península coreana se dirige para uma guerra
termonuclear”. É um descalabro até mesmo como uma mera retórica belicista.
http://www.guardian.co.uk |
Do ponto de vista histórico, a corrida nuclear durante a Guerra
Fria ou mesmo o horror de Hiroshima e Nagasaki ainda não dobraram a esquina. E
mesmo que não tenha havido outro ataque radioativo desde 1945, os arsenais
atômicos são "brinquedos” por demais perigosos visto que têm o poder de
aniquilar a humanidade.
A questão nuclear, no entanto, não está restrita a retórica de
gato e rato entre as nações e a ameaça do holocausto; ela diz respeito também à
geração de energia elétrica de muitos países do mundo, em especial na Europa,
com países como França e Alemanha, entre outros, atolados na dependência
estrutural e estratégica em relação à questão termonuclear.
A
Usina de Fukushima, no Japão, foi abalada por um terremoto que atingiu o país
em março de 2011. Estima-se que seja o pior desastre nuclear em 25 anos. Entre
as consequências do desastre está o rejeito de água radioativa no oceano e a
contaminação de alimentos.
O que fazer com o lixo nuclear?
Como o lixo eletrônico, o rejeito atômico tem sido alocado de
forma insegura e criminosa nos países pobres. O chamado ciclo do plutônio (Pu
239) para desenvolvimento de energia elétrica revela-se um verdadeiro abacaxi
atômico, com alto índice de risco socioambiental não dimensionado, ou
escamoteado pelos seus defensores como fonte energética para abastecer
indefinidamente os centros urbanos do futuro.
Nenhuma nação, em verdade,
sabe exatamente como lidar com o lixo radioativo. A luzinha vermelha acende a
cada vazamento indesejável que ganha espaço nos meios de comunicação
hegemônicos. E sabemos que isto nem sempre acontece. Há quem garanta que toda a
questão nuclear trata-se de um lamentável, gigantesco e fatal equívoco. E dados
científicos só fazem confirmar essa opinião.
www.danhistoriadetudo.blogspot.com |
Em 1968 até mesmo as potências rivais EUA e URSS assinaram o
Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (TPN), junto com outros 187
países. Mas na prática o tratado tem o mesmo peso do que as resoluções sobre
aquecimento global têm para países como os maiores poluidores do mundo China e
Estados Unidos, ou seja: nenhum.
Países como a Coréia do Norte, Índia, Paquistão e Israel nunca
assinaram o Tratado de Não-Proliferação por o considerarem discriminatório na
balança de forças geopolíticas.
O diplomata egípcio Mohamed ElBaradei esteve na UFRGS (Porto Alegre) no final de 2012
e defendeu uma reformulação no Conselho de Segurança da ONU. Ele faz lembrar
que os principais atores do Conselho de Segurança são os mesmos que, ano após
ano, incrementam o seu poderio atômico e defendem com unhas e dentes a
estrutura de Estados Policiais à que estamos submetidos.
Se na América Latina existe certo silêncio sobre o tema, não quer
dizer que exista uma maior segurança por aqui.
www.greenpeace.org |
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