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Mudança
de discurso: o ministro de Minas e Energia Édson Lobão, que no início de
fevereiro garantia risco “zero” em relação ao baixo nível de armazenamento em
muitos reservatórios do país, passou a defender, na metade do mês, a velha tese
de que o consumidor deve pagar (toda) a conta. Ele argumenta: “É claro que há
uma taxa mínima de risco, se as condições forem absolutamente adversas, se não
vierem chuvas.” Outro comentário do ministro: “Apagão é uma coisa,
desabastecimento é outra. Desabastecimento é o que esperamos que jamais ocorra no
país.” Nós também.
Mas
para não deixar a oportunidade em branco, entrou na pauta o déficit de R$ 5,6
bilhões da Conta do Desenvolvimento Energético (CDE), o fundo que abastece
programas sociais como a tarifa social de baixa renda e o programa Luz para
Todos. Se confrontado com os números do Impostômetro, o custo social não
deveria ser tratado como “rombo”. Nenhuma novidade.
Em
resumo, o consumidor, que após décadas pagando através de tributos específicos
o investimento em hidrelétricas, mesmo depois de quitados estes investimentos
(e sem receber o desconto equivalente), agora, provavelmente, terá de
desembolsar a mais algo em torno de 4,6%.
Em
momentos críticos (leia-se: verão) é curioso jamais entrar na pauta dos
discursos (oficiais) a inserção de energias limpas na matriz energética
nacional. Belo Monte, e demais hidrelétricas, ao contrário, são anunciadas como
sinônimo de pujança e desenvolvimento.
Mas
qual é o preço da energia elétrica?
Isso
depende, basicamente, das opções de investimento durante décadas. Nos
perguntamos: a inserção oficial (efetiva) de energias limpas na matriz
energética brasileira acarretaria em economia para o bolso do consumidor? Num
primeiro momento, talvez, com a propagação de sistemas de geração de energia
descentralizados. E em fornecimento de larga escala, também, em médio e longo
prazo, dependendo de uma série de fatores, entre os quais as conjunções
políticas e a voracidade dos “LOBOS” do setor.
Mas
nós continuamos, ao que parece, no século XX. Essa mudança, irremediável, segue
tratada como mera “perfumaria.” Coisa de um futuro distante. Parece cômodo,
prático, rentável. Basta acionar as termelétricas, de custo operacional ainda
mais elevado, e taxar os consumidores.
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