O filme Serras da Desordem (2006), de Andrea Tonacci, reconstitui a trajetória do índio Carapiru que escapou com vida do massacre da sua aldeia Avá-guajá por pistoleiros do Maranhão em 1978. Carapiru transitou pela floresta durante dez anos até ser encontrado na Bahia, a dois mil quilômetros de onde ocorreu o massacre, completamente nu, apenas com um arco e flecha, um cesto e sem falar nenhuma palavra do português. Ele foi acolhido por uma comunidade local e depois levado para Brasília pelo sertanista Sydney Possuelo.
Numa linha de estranhamento e experimentação entre documentário e ficção o filme do ítalo-brasileiro Andrea Tonacci (Bang bang, 1971) pretende e consegue projetar um olhar generoso sobre a diversidade cultural do Brasil sem precisar pregar qualquer tipo de conscientização didática a respeito. Um dos melhores filmes brasileiros de todos os tempos, o filme é um documento belo e trágico de um caminho sem volta que merece do expectador um olhar diferenciado. Trata-se de uma oração silenciosa sobre respeito e solidariedade. Uma experiência que vale a pena!
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